Illy e Luiz Caldas - A Vida do Viajante

          Quando ainda fazia parte do Trio Elétrico Tapajós, em 1981, Luiz Caldas gravou Axé pra Lua, uma música que homenageava Luiz Gonzaga, o rei do baião. Era um artista novo reverenciando um cantor e compositor fundamental, que levou a cultura do nordeste para todo o País. Mais de quarenta anos depois, Luiz Caldas também ocupa um posto de rei: graças a ele, a axé music invadiu o Brasil. Mas o baiano nunca esqueceu da influência de Gonzaga, nem deixou de olhar para as novas gerações.

          Ao lado da conterrânea Illy, nome que vem despontando na cena contemporânea, ele regravou A Vida do Viajante (Luiz Gonzaga e Hervé Cordovil). O single, lançado pela Biscoito Fino, é parte de um ousado projeto da gravadora Biscoito Fino, que deve ser lançado integralmente até o final de 2022, com direção musical de Guilherme Kastrup e direção artística de Ana Basbaum, que assina a curadoria do repertório com Renato Vieira.

          O projeto da Biscoito Fino busca justamente refletir o Brasil por meio do repertório. A Vida do Viajante  foi escolhida para o disco por retratar a rotina do artista (de qualquer geração), cuja vida é mesmo andar por esse País tão diverso. Caldas e Illy percorrem essa nação de dimensões continentais, com profundas diferenças sociais, econômicas e culturais, mas que acaba unida pelas músicas e pela memória afetiva dos clássicos de nosso cancioneiro.

          A releitura de A Vida do Viajante começa guiada pelo violão de aço de Caldas, cuja voz está irmanada à de Illy. A entrada da percussão de Kastrup e o beat e baixo synth de Chico Correia modernizam o tema.